quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pterodroma madeira

Classificação
Nome científico: Pterodroma madeira
Nome comum: Freira-da-madeira 
Reino: Animalia
Classe: Aves
Filo: Chordata
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Género: Pterodroma
Espécie: P. madeira





Características morfológicas/ Comportamento
É uma ave que pode atingir os 32 cm. As suas asas são entre os 241 mm  e os 254 mm enquanto que o seu bico está entre os 22 mm e os 26 mm. A parte superior do corpo é escura e a zona inferior do corpo, branca. O seu bico é preto tal como a área ao redor dos olhos da ave.
Normalmente vive até aos 15 anos de anos, tornando-se reprodutiva apenas aos 6 anos. O peso de uma ave deste género varia entre os 175 gramas e os 231 gramas.
Não existem estruturas internas ou externas de dimorfismo sexual. Distingue-se das outras aves pela forma como voa, fazendo um V distinto.
Esta é uma espécie endémica da Ilha da Madeira.
Quanto ao seu comportamento, a Freira da madeira passa grande parte do seu tempo no mar, vindo a terra apenas para preparar o ninho e para reproduzir, tal ocorre entre os meses de Abril e Setembro. Escava os seus ninhos no solo, em locais onde o coberto vegetal se encontra em bom estado de conservação, pondo um único ovo que é chocado alternadamente pela fêmea e pelo macho. O facto de o ninho estar a uma profundidade tão pequena torna a cria vulnerável aos predadores, como por exemplo os animais domésticos que são abandonados pelo Homem, tendo sido este uma das causas para a sua quase extinção.      
Durante a noite, as pessoas são surpreendidas pelos seus chamamentos que se assemelham a uivos.


Reprodução
A razão pela qual esta espécie se chama ”Freira” é devido a chamamentos semelhantes a “uivos” que ocorrem na época de reprodução. Durante muitos anos, foram interpretados pela população do Curral das Freiras como sendo as almas penadas das freiras que antigamente se refugiavam, naquele local, dos ataques piratas à ilha.
À pouco tempo a população de Freiras estava estimada em 30 casais reprodutores, no entanto, durante os últimos anos foram encontradas novas áreas de nidificação aumentando assim o efetivo populacional para cerca de 85 casais reprodutores.
A partir do mês de Abril, a Freira da Madeira inicia visitas às suas áreas de nidificação, situadas nas zonas mais montanhosas da ilha, com o objetivo de começar mais uma época de reprodução.



Habitat /Distribuição geográfica
A Freira da Madeira é a ave marinha mais ameaçada da Europa, sendo endémica da Madeira, e nidificando apenas em pequenos patamares inacessíveis, também conhecidos por mangas, situados acima dos 1.600 metros de altitude no Maciço Montanhoso Central, entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo.
Devido a terem ocorrido incêndios neste local o Parque Natural da Madeira concluiu a intervenção ao habitat de nidificação da freira da Madeira.
Esses mesmos incêndios acabaram por provocar não só a morte de muitos juvenis nascidos, como também provocou uma enorme devastação de todo o habitat, destruindo ninhos e eliminando a vegetação que suportava o solo nestas vertentes.



Principais ameaças
A principal ameaça a esta espécie deve-se, principalmente, à predação de ovos e juvenis por parte de ratos e gatos, nomeadamente à ratazana preta (Rattus rattus) e ao gato asselvajado (Felis catus); também se deve  à degradação do habitat de nidificação por herbívoros (cabras, ovelhas e coelhos) e a captura por parte dos humanos.
No mar, a pesca comercial tem degradado os stocks de peixe e causado a morte de aves marinhas através de inúmeras capturas acidentais, por outro lado em terra, a introdução de espécies invasoras tem dizimado imensas colónias reprodutoras.

  
Estatuto de conservação/ Medidas implementadas
Esta ave marinha está ameaçada de extinção à escala mundial.
A sua sobrevivência depende de medidas vitais de conservação e está classificada, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), como espécie “Ameaçada em Perigo Critico”.
Toda a sua área de nidificação está classificada como Zona Especial de Conservação, integrando a Rede Natura 2000 e o Parque Natural da Madeira, existindo um Plano de Ordenamento e Gestão em vigor para a área.
No início dos anos 90, foi criada uma área livre de predadores, nomeadamente ratos e gatos, em redor das suas áreas de nidificação, que foi reforçada em 2001, ao abrigo de um projeto LIFE, e que tem sido mantida até aos dias de hoje. Foram criadas também condições para a recuperação da área de nidificação da Freira da Madeira, através da retirada total do gado aí existente.



Algumas medidas importantes para a conservação desta espécie:

Projeto LIFE Natureza para conservação da Freira da Madeira e recuperação do seu habitat
A Floresta Laurissilva e o Maciço Montanhoso Oriental da Ilha da Madeira constituem dois dos mais importantes habitats terrestres da Macaronésia (região biogeográfica que inclui os arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. Nestes habitats, reconhecidos a nível europeu como Zonas de Proteção Especial, podemos encontrar um número elevado de animais e plantas únicos, dos quais muitos têm estatuto de conservação desfavorável, como é o caso da Freira da Madeira.
Entre 2001 e 2006, a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através do Serviço do Parque Natural da Madeira, desenvolveu um projeto, denominado "Conservação da Freira da Madeira através da recuperação do seu habitat". Este teve como principal objetivo a recuperação de todo o habitat de nidificação da Freira da Madeira, promovendo as condições para que o Maciço Montanhoso Oriental funcionasse em bom estado de conservação.
Para a concretização deste objetivo global, eram esperados resultados: 

Ø  Recuperação da vegetação de altitude;
Ø  Aumento do efetivo populacional da Freira da Madeira;
Ø  Criação de um forte apoio do público na preservação da área;
Ø  Implementação duma gestão eficiente da área.


Recuperação da vegetação de altitude
Ø  Aquisição do Montado do Areeiro;
Ø  Remoção do gado doméstico da área do projeto;
Ø  Monitorização da população dos coelhos;
Ø  Minimização do impacto dos visitantes no coberto vegetal;
Ø  Estabelecimento de uma linha base de monitorização da reação da vegetação (incluindo as espécies vegetais endémicas) às medidas de ação tomadas;
Ø  Estabelecimento de uma linha base de monitorização da resposta de grupos de fauna (nomeadamente aves e insetos) às medidas de ação tomadas.


Aumento dos efetivos populacionais da Freira da Madeira
Ø  Controlo das populações de predadores, nomeadamente ratos e gatos;
Ø  Aumento do nível de conhecimento sobre a dinâmica e o impacto de plantas exóticas no ecossistema de altitude e estabelecimento de métodos de controlo;
Ø  Aumento do nível de conhecimentos sobre a Freira da Madeira, permitindo melhorar futuras ações de conservação na área;
Ø  Remoção de plantas invasoras como a giesta Cytisus scoparius dos locais existentes e potenciais de nidificação de P. madeira, evitando o seu previsível impacto negativo.

A protecção que está a ser feita à Freira da Madeira foi elogiada pela revista científica Bird Conservation Internacional (Conservação Internacional de Aves), através de um artigo, que se debruçava sobre as aves ameaçadas de extinção. O mesmo apontava as aves marinhas como as mais vulneráveis, existindo mesmo risco de algumas poderem extinguir-se caso não sejam tomadas medidas importantes. Foi neste aspecto, que o trabalho que está a ser desenvolvido pelo Parque Natural da Madeira na defesa da 'freira' foi apontado como exemplo.
"[Existem prioridades] como a que já está a ser implementada com muito êxito, nomeadamente na Madeira, que passam por evitar que os ninhos sejam atacados por mamíferos, ratos, ratazanas, coelhos ou cabras", disse o coordenador do Programa Marinho Europeu da 'BirdLife International', Iván Ramirez.
Uma forma de divulgação desta espécie,  foi a criação, no dia 26 de março de 2012, do Centro da Freira da Madeira.
O Centro da Freira da Madeira é um espaço que surge enquadrado com a estratégia do Governo Regional, através da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, de aproveitar o potencial económico subjacente à existência na Região de um valioso e único património natural.
Neste centro, está disponível informação sobre a espécie Freira da Madeira, bem como sobre o seu habitat, através de uma exposição permanente, dinâmica e interativa, composta por diversos posters temático-cronológicos que ilustram o ciclo de vida da Freira-da-Madeira e todo o esforço desenvolvido pelo Governo Regional da Madeira na conservação da biodiversidade.






Urso Arctos

Classificação
Nome científico: Ursus arctos
Nome comum: Urso-pardo 
Reino: Animalia
Classe: Mammalia
Filo: Chordata
Ordem: Carnívora
Família: Ursidae
Género: Ursus
Espécie: U. arctos

Características morfológicas/ Comportamento
O urso é um animal plantígrado, ou seja, a sola do seu pé toca totalmente no solo quando se movimenta. A cor da pelagem dos ursos-pardos varia do branco ao castanho-escuro, passando pelo dourado.
O seu tamanho e peso são muito variáveis. Os ursos menores podem pesar apenas 70 kg, ter aproximadamente 90 cm de altura e 1,70 m de comprimento, enquanto que, em alguns ursos, já foram registados pesos acima de 1 tonelada, alturas de 1,50 m e 3 m de comprimento. É o mais temível dos ursos devido a, na sua idade adulta, poder assumir 1,20 m de altura até a cernelha (junção das espáduas e cabeça do animal), e um comprimento total de 2 a 3 metros.
O urso-pardo é um animal omnívoro. A sua dieta abrange vários tipos de alimentos como mariposas, larvas, frutas silvestres, mel, pequenos roedores, carniça e grandes animais como cervos e alces. Normalmente evitam a presença dos seres humanos mas, uma vez que um urso-pardo vê o homem como uma a fonte de alimento, ou por se alimentar do lixo ou porque é alimentado por turistas, ele pode vir a tornar-se um animal perigoso. Animais que desenvolvem hábitos alimentares dependentes da presença humana acabam normalmente mortos pelas autoridades.
Quanto ao seu comportamento o urso-pardo é um animal solitário, porém sabe conviver pacificamente quando existe abundância de alimento. Durante o inverno, ele procura covas e cavernas para entrar em estado de letargia (hibernação), que pode durar até sete meses. Durante esse período a sua temperatura corporal está entre os 32 °C e os 35 °C, e sua respiração e batimentos cardíacos diminuem drasticamente de ritmo. Durante este período de hibernação não come, não urina e não defeca, utilizando apenas a energia da sua gordura. Se for perturbado durante esse período não consegue dormir de novo. Sem nada para comer, pode, em casos destes, atacar o gado. O urso-pardo hiberna devido à falta de comida no inverno; no cativeiro não hiberna. Vive aproximadamente entre os 25 e os 30 anos (máximo conhecido em estado selvagem é de 34 anos e em cativeiro é de 47 anos).


Reprodução
A maturidade sexual da fêmea dá-se por volta dos seis anos, permanecendo fértil até os 30 anos de idade. Os machos atingem a maturidade sexual entre os quatro anos e meio e os sete anos de idade mas apenas atingem o tamanho necessário para se tornarem reprodutores entre os oito e os dez anos. Apenas se aproximam das fêmeas durante o período de acasalamento, entre maio e julho. É durante esse período que ocorrem lutas entre os machos e formam-se casais durante curtos períodos de tempo.
A implantação do ovo na mucosa uterina é retardada por quatro a sete meses, de modo que a gestão apenas se inicia no período de letargia, de outubro a dezembro, que apenas dura 60 dias. O período de gestão dura apenas 60 dias devido ao risco de sobrevivência a que a cria e a mãe estão sujeitas. Entre janeiro e março nascem normalmente duas crias no refúgio de inverno. O urso recém-nascido é extremamente pequeno, medindo 22 ou 23 centímetros e pesando menos de 400 gramas. São cegos e sem dentes e só têm bem formadas as unhas dos membros anteriores. Estão cobertos de pelagem com pelos finos esbranquiçados que rapidamente escurece. Aos seis meses são mais claros e aos 16 meses adquirem a pelagem do adulto de cor que varia do negro intenso ao amarelo claro passando pelo pardo. A fecundidade da espécie é elevada, dando as fêmeas à luz, de dois em dois anos, uma ou duas crias, conforme a idade. Eles são amamentados pela mãe em, aproximadamente, um ano e meio. O leite dos ursos é espesso, viscoso e rico em gorduras e proteínas.
A mãe ensina as suas pequenas crias, entre três e quatro anos, tudo o que precisam para sobreviver quando forem adultos solitários. Depois disso as crias ficam por sua conta, procurando um território onde mais tarde vão criar a sua própria família.


Habitat e distribuição geográfica
É um animal que vive na Europa, Ásia e América do Norte, apoderando-se de vastos territórios nestas zonas.
Em Portugal, o urso pardo, provavelmente extinguiu-se entre o século XVII e XIX embora no século XX alguns foram vistos temporariamente, vindos das serras de Espanha.
Recentemente, em 2005 foram encontradas pegadas de urso-pardo em Peña Trevinca a cerca de 20 km de Portugal (Parque Natural de Montesinho). Acredita-se que durante estes últimos anos, o êxodo rural, o aumento da área de carvalhal e do número de ungulados selvagens, foi favorável à expansão do urso-pardo, nesta região da Península Ibérica. Aqui só já pode ser encontrado nas montanhas da Cantábria, no Norte de Espanha, onde se pensa poder existir a viver em liberdade pouco mais de 80 animais.
Na América, o urso-pardo é conhecido como urso grizzly, porque as pontas da sua pelagem são cinza-prateado (“grizzly” significa “cinzento). A área das subespécies da Euro-Ásia estende-se da Escandinávia à Península Kamchatka, e vai até o sul da Grécia e do Iraque.
O urso-pardo tende a estabelecer-se em tundras e regiões montanhosas isoladas, com vastas extensões de florestas, que oferecem suficiente comida. Em média, um urso requer uma área de 100 quilómetros quadrados. O tamanho do território varia de acordo com a quantidade de comida que pode oferecer.


 Estatuto de conservação da espécie e principais ameaças
O urso pardo é uma espécie que não está totalmente ameaçada, mas a sua área de distribuição atual é muito limitada.
No princípio do século XIX, já estava limitada apenas às zonas montanhosas porque os ursos eram vistos como predadores do gado e como “competidores” do espaço. Foi nesse século que desapareceram os ursos do Norte de África.
 Na Europa, só já existem populações de ursos isoladas. Na América do Norte, encontram-se principalmente em áreas protegidas. Na Rússia ainda são relativamente abundantes, mas a exploração de recursos no leste da sibéria está a colocar esta espécie em perigo, devido à redução e destruição do habitat.
A perda de habitat é um fator muito importante de ameaça à espécie, pois os ursos pardos requerem muito espaço de forma a manter a variabilidade genética e evitar a consanguinidade.
Podemos afirmar que as principais causas que põem o urso-pardo em perigo são a destruição dos seus habitats naturais e os caçadores furtivos. Os incêndios florestais também destroem os seus ecossistemas e a poluição também pode ser considerada como fator de diminuição da espécie.


Medidas de prevenção ou recuperação
O urso pardo já ocupou toda a Península Ibérica e desde 1973 a espécie está protegida e a sua caça proibida em todo o território Espanhol. Em Espanha, está declarada como espécie em perigo de extinção.
Como medida de proteção do urso pardo, o governo espanhol anunciou um investimento de 1,7 milhões de euros na recuperação do habitat do urso.
Foram realizados projetos para a recuperação de corredores ecológicos para o urso pardo nas Astúrias, nomeadamente a plantação de árvores locais. Outra intervenção de conservação do habitat foi a regeneração natural da floresta para aumentar o habitat do urso na Galiza.
De acordo com o presidente da Fundação Urso Pardo, 2010 foi um ano magnífico para o urso pardo, pois mais de vinte fêmeas tiveram crias. Para além disso verificou-se uma redução na caça ilegal e no número de ursos encontrados envenenados.
Existem vários Parques Naturais que preservam esta espécie; o urso pardo, espécie ameaçada de extinção, é o símbolo emblemático de Somiedo e o principal responsável pela criação deste parque. Aqui, refugia-se um dos maiores núcleos da população cantábrica ocidental desta espécie no seu estado selvagem.
 O urso–pardo está sob proteção oficial dentro do Parque de Yellowstone, cujo território se espalha por aqueles três Estados. A  proteção oficial data de 1975, quando sua população tinha caído para perto de 200 animais, por causa da caça e da erosão do seu habitat. Desde então, a população dos ursos cinzentos vem crescendo e em 2005 contava com 600 animais.

Curiosidades
ü  A primeira vez que apareceu um urso, o seu tamanho era semelhante a de uma raposa. A pouco e pouco a evolução foi tornando esta espécie mais corpulenta, aumentando o seu peso gradualmente.
ü  Os ursos-pardos ibéricos são os mais pequenos do mundo.
ü  Apesar de sua visão ser fraca é um ótimo caçador. Sente todos os cheiros de longe.
ü  O urso-pardo é um dos poucos animais capazes de se pôr em duas patas.
ü  Na época do cio, os machos marcam o seu território marcando as árvores com arranhadelas e esfregando-se de forma a deixar o seu odor.
ü  O óvulo fecundado começa a crescer quase que imediatamente. Mas o embrião pára de desenvolver-se quando é só uma bolinha mínima de células. Essa bola oca flutua no aparelho reprodutor da fêmea durante cinco meses e só recomeça a crescer quando ela está pronta para hibernar.
ü  A amamentação é uma sobrecarga e quando a fêmea sai da toca na primavera, ela perdeu cerca de um quarto do seu peso.
ü  As brincadeiras violentas dos jovens ursos-pardos exercitam habilidades que serão necessárias na vida adulta, e mostram os limites de sua força.
ü  A estação de pesca dos ursos pardos da América do Norte é em julho, quando o salmão sockeye sobe os rios para desovar no Canadá e Alasca.
ü  Após vários meses de cuidado com os filhotes, chega o dia em que a fêmea do urso leva-os para cima de uma árvore, exatamente como fez sempre que houve perigo. Mas desta vez é diferente: ela irá abandoná-los. É sua forma de lhes dizer que, a partir daquele instante, eles estão sozinhos.
ü  O Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF), desenvolveu uma lata de lixo à prova de ursos. A iniciativa tem como objetivo evitar que os ursos entrem nas cidades para procurar alimento.